sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quando a gafe vale a pena


Fontes internacionais de notícias anunciaram ontem um feito inédito do prefeito de Londres, Boris Johnson. Durante o lançamento de uma campanha que estimulava os londrinos a recolherem lixo e plantas daninhas dos rios da cidade, ele também resolveu dar o exemplo mas acabou se desequilibrando, com uma sacola de lixo na mão, e afundou no rio. Depois de socorrido, ele ainda demonstrou bom humor e afirmou que a água estava refrescante.

Há quem possa ver em tal situação um verdadeiro vexame. Acredito que foi apenas um pequeno detalhe se considerarmos a grandeza da iniciativa. Depois de ver o processo de recuperação fantástica do rio Tâmisa, após muitos anos de degradação, é realmente inadmissível acreditar que os cidadãos de lá não tenham adquirido consciência da importância de se preservar os recursos hídricos para além da sua cidade, estado ou país. Da importância da água para a sobrevivência humana ninguém duvida, mas já quanto à preservação...

Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o lançamento de esgotos domésticos é o principal fator de degradação dos resíduos hídricos no Brasil. Considerando o total de esgoto coletado, apenas 20% recebe algum tratamento, sendo o restante lançado diretamente nos rios, lagos e mares. A entidade informa ainda o índice de estado trófico (IET), que avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas. Nesse quesito, 45% dos açudes, reservatórios e lagoas do país são considerados hipereutróficos, o que significa elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes que resultam em comprometimento acentuado nos seus usos.

Portanto, para quem pensa que quanto mais plantinhas espalhadas pelo rio, mais saudável ele é, engana-se. Concentrações elevadas de algas indicam possíveis desequilíbrios na água. O despejo de resíduos domésticos é um outra questão difícil até de comentar. Parece tão óbvil pensar que ao mesmo tempo em que se resolve o problema do tratamento de esgoto surge outro: como e com quanto dinheiro poderemos despoluir tanta água suja?

Um comentário:

  1. Achei legal a iniciativa do prefeito. A gafe, nesse caso, deu até mais visibilidade ao assunto e com certeza fez a campanha atingir mais pessoas. Mas que é gozado ninguém vai negar!

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